sexta-feira, 5 de abril de 2013

COMPORTAMENTO DO CLIENTE


Dando prosseguimento ao tema abordado em meu último artigo PROCESSO DE VENDA, e após algumas devolutivas que recebi, decidi me aprofundar um pouco mais, apresentando uma visão estratégica sobre o COMPORTAMENTO DO CLIENTE, que o leva ao PROCESSO DE COMPRA E VENDA. Antes disso, é fundamental que haja uma clara visão e entendimento das empresas, o que é Comportamento do Cliente, e o que é um Comportamento do Consumidor. No primeiro momento as palavras Cliente e Consumidor são análogas, mas cada uma tem uma conotação diferenciada no processo de compra, o que por muitas vezes a falta de entendimento e uma abordagem correta no mercado, pode inviabilizar o planejamento estratégico de crescimento e conquista das metas e objetivos pré-estabelecidos pela organização. Então vamos lá e entender um pouco do processo.


Com as mudanças nos cenários demográfico e tecnológico, iniciadas na década de 1990, as empresas começaram a trabalhar com o conceito de fidelização e valorização, com mudanças substanciais no comportamento como seus clientes, na satisfação e identificação de suas necessidades, e na realização de seus desejos. O que fez com que o mercado demandasse por produtos e/ou serviços com mais qualidade e valor. Por outro lado, o decréscimo no custo do processamento e armazenamento de dados e das telecomunicações e a maior disponibilização de aplicativos e sistemas tornaram viável uma reviravolta no pensamento estratégico das empresas, onde as áreas Comerciais e de Marketing passaram a ter uma importância relevante dentro das estruturas organizacionais. As empresas utilizam cada vez mais tecnologia de banco de dados e de novas técnicas de pesquisa, o que permitiu capturar e tratar um conjunto muito mais amplo de informações sobre o cliente. A tecnologia e os métodos de pesquisa permitiram entender melhor e mais rapidamente as necessidades e os desejos dos clientes e, consequentemente, atendê-los de forma individualizada, gerando com isso o conceito de (customização). A captação das informações dos clientes, o seu tratamento e seu estudo são fundamentais, principalmente considerando que o cliente assumiu uma dimensão muito mais complexa e com uma demanda cada vez mais personalizada. Nesse contexto, o estudo do comportamento do cliente assumiu uma dimensão muito mais complexa. As empresas não devem mais começar o seu projeto se concentrando na habilidade de sua mensagem publicitária ou no talento da equipe de vendas para vender os produtos e/ou serviços. Devem começar o seu projeto a partir de uma análise criteriosa dos tipos de cliente, em suas necessidades e expectativas de atendimento e no relacionamento individual que deseja ter com eles. Em seguida, precisa planejar estrategicamente sua pesquisa, sua mídia, a propaganda de consciência, a promoção de vendas, a política de preços e as estratégias de comercialização, tudo isso de maneira adequada, transformando o conhecido monólogo da propaganda em diálogo, encontrando novos modos de ouvir o que seus clientes estão tentando dizer e responder em tempo real. As empresas precisam entender diferentes clientes de diferentes formas. Um bom começo é entender separadamente o comportamento do cliente pessoal (mercado de bens de consumo) e o comportamento do cliente empresarial (mercado de negócios), bem como a relação entre esses dois tipos de clientes.

A Diferença entre cliente e consumidor, é que para um cliente, uma empresa cria e entrega “valor” com reciprocidade de satisfação para ambos, e para um consumidor, uma empresa fabrica e vende produtos.

 “Um cliente é o visitante mais importante em nossa casa. Ele não depende de nós, nós somos dependentes dele. Ele não é uma interrupção em nosso trabalho, ele é o propósito do mesmo. Ele não é um estranho em nosso negócio, ele faz parte do mesmo. Nós não estamos fazendo um favor em servi-lo, ele está fazendo favor em nos dar esta oportunidade” (Gandhi, 1869/1948).

O termo “cliente” refere-se também às pessoas que assumem diferentes papéis no processo de compra, como o especificador, o influenciador, o comprador, o pagante, o usuário ou aquele que consome o produto, que percebem e assumem atitudes diferenciadas diante dos estímulos de marketing, de acordo com o envolvimento e comprometimento com a compra, numa determinada situação ou contexto.

O cliente é o fator estratégico que orienta a sequencia de criação e entrega de valor:
§  Para que o marketing seja eficaz é necessário conhecer e compreender o comportamento do cliente.
§  Estudar o cliente fornece fatores para o profissional comercial/marketing decidir sobre o desenvolvimento e adaptação de produtos, de preços, de canais de distribuição e de comunicação (marketing mix).

Outro aspecto muito importante é que o cliente pode ser tanto “cliente potencial” como “cliente atual”. A filosofia empresarial de construir relacionamentos de longo prazo com o cliente é fundamental para entender como se desenvolverá a sua lealdade. Atualmente, um dos aspectos com que as empresas mais se preocupam é a manutenção dos seus clientes. Para isso, é preciso entender como os clientes se relacionam após a venda e como as decisões podem ser direcionadas para sustentar o relacionamento construído pelo processo de conquista e fidelização. Analisando o comportamento do cliente por meio da construção do relacionamento, conclui-se que existem níveis de lealdade que são percorridos numa dada sequencia denominada “escala de lealdade”. A lealdade é uma das principais variáveis para a classificação do cliente. Um dos aspectos importantes da “escala de lealdade” é que, para repetir a compra, é preciso que o cliente seja fiel, isto é, que sua experiência de marca gere uma atitude positiva para que compre novamente.
Repetidas compras levam o cliente a indicar a marca e até defendê-la, sendo muito menos suscetível de comprar outra marca ou mudar de fornecedor na compra pessoal ou empresarial.

Existem dois tipos de clientes:
§  O cliente pessoal (mercado de bens de consumo);
§  O cliente empresarial (mercado de negócios).
Tanto o cliente pessoal (mercado de bens de consumo) como o empresarial (mercado de negócios), o papel que uma pessoa assume na decisão de compra é definido em termos de sua participação.

A participação pode ser:
§  Direta
§  Indireta

A participação direta é aquela que se relaciona diretamente com o processo de escolha (cliente especificador), compra (cliente decisor) e consumo (cliente comprador) ou uso (cliente usuário).
O “cliente especificador” é o cliente que determina as características e funcionalidades do produto e/ou serviço a ser comprado e participa da seleção das alternativas de marca ou de fornecimento. Exerce um papel muito importante nas compras técnicas, em uma compra nova ou quando é preciso modificar a especificação.
O “cliente decisor” é o cliente que tem o poder de decidir pela compra do produto, serviço, marca ou aprovar os fornecedores. No caso do mercado de negócios, ele também aprova as condições comerciais negociadas pelo comprador.
O “cliente comprador” é quem efetivamente faz a compra. No caso do mercado de bens de consumo, quem compra é quem realmente paga. Já no mercado de negócios, os compradores selecionam fornecedores e negociam as condições de compra, mas quem paga é a área financeira da empresa.
O “cliente usuário” é aquele que irá efetivamente usar (ou consumir) o produto e/ou produto.  No mercado de bens de consumo, pode assumir ao mesmo tempo alguns dos papéis de compra, já no mercado de negócios pode assumir também o papel de iniciador, influenciador ou especificador nas compras menos complexas.

A participação indireta é aquela em que os pontos de vista ou especificações podem influenciar na seleção dos produtos e/ou serviços, da marca, dos fornecedores ou das lojas. A participação indireta ocorre através do “cliente iniciador” e do “cliente influenciador”.
O “cliente iniciador” é o cliente que sugere a compra, podendo ser o próprio usuário ou qualquer pessoa ou membro da empresa.


O “cliente influenciador” é o cliente que pode afetar a decisão de compra. Portanto, tanto no mercado de bens de consumo (pessoas) como no de negócios (empresas), os profissionais comercial/marketing precisam identificar que pessoas ou departamentos estão envolvidos na decisão de compra e que papel assumem diante das diferentes situações de compra. Vale ressaltar que uma mesma pessoa tende, em diferentes papéis, a ter diferentes comportamentos. Dependendo do tipo e da novidade de produto e/ou serviço, da rotina, do risco e da complexidade o comportamento tende a ser diferente de acordo com cada situação.
Uma pessoa pode ser cliente em relação a vários tipos de produtos e/ou serviços, exercendo diferentes papéis no processo de compra. Da mesma forma, as empresas podem produzir produtos e/ou serviços e comercializá-los tanto no mercado de bens de consumo (pessoas) como no mercado de negócios (empresas). Quando uma empresa produz diferentes produtos e/ou serviços que podem atender a diferentes mercados ela deve analisar, planejar e desenvolver compostos de marketing (marketing mix) específicos para cada tipo de mercado e sempre deve considerar os diferentes comportamentos e diferentes processos decisórios de compra dos diferentes clientes em diferentes situações de compra (exemplo: a Nestlé desenvolve duas linhas de achocolatados – uma para ser comercializada na rede varejista, em embalagens próprias para atender a famílias, e outra para atender a hospitais, creches e escolas. Além da adaptação da linha de produtos para atender a hospitais, creches e escolas, principalmente no aspecto da embalagem, deve haver diferenças na política de preços, na estrutura de vendas, nos canais de distribuição e na comunicação (marketing direto, propaganda, promoção de vendas e merchandising) – que devem ser diferentes em função das diferenças de cada cliente).

Um abraço a todos e até a próxima!!!